sábado, 16 de abril de 2011

Rede de mentiras - por Eduardo Marinho

"...Dizem que o mundo é uma guerra, a vida é uma competição e que todos são adversários, em suas áreas. Mentira. Somos irmãos seguindo a aventura da vida, nos desenvolvendo e procurando formas de resolver nossos problemas, solidariamente. Somos gregários, precisamos de harmonia, não de competição. A mídia é que nos instiga uns contra os outros, com a idéia furada de “vencedor” e “perdedor”. Nossa união apavora seus patrões. E a eficiência é tanta que mesmo entre os que se dizem revolucionários se vêem esses padrões de comportamentos e valores. Passar da competição à cooperação é um degrau da evolução humana.
         Dizem que felicidade é consumir, é desfrutar e usufruir de luxo e fartura. Mentira. O mais próximo de felicidade que temos é gostar e ser gostado, é abraçar e ser abraçado, é se sentir útil à coletividade, é beneficiar os demais e confraternizar com todos, aprender e ensinar, ajudar e ser ajudado. A mídia nos induz ao consumo egoísta, ao isolamento, condiciona o valor de ser humano à posse, ao poder econômico, ao nível de consumo, e as pessoas se sentem inferiorizadas ou superiorizadas, conforme esses padrões, se envergonham ou se orgulham por esses fatores externos. Induções. Os valores reais são abstratos, estão no ser, não no ter.
         É o consentimento geral o que sustenta essa estrutura. A crença nas mentiras plantadas. Acreditamos e reforçamos as correntes da nossa própria escravidão. Cada um de nós consente, em maior ou menor grau, esse estado de coisas. Cada um de nós pode começar o trabalho em si mesmo, que vai encontrar o que fazer, se for sincero consigo e tiver humildade pra encarar as próprias falhas e condicionamentos. De dentro de si é que o trabalho de mudança externa ganha força, na profundidade das raízes, da sinceridade do sentimento. Pois é do trabalho interno que emanará a força avassaladora de uma verdadeira revolução. Cada revolucionário precisa começar o seu trabalho em si mesmo. Ou será mais um desses superficiais e arrogantes, intolerante e conflituoso, pronto a usar os recursos convencionais dessa estrutura doente, ou apenas reforçará a imagem do revolucionário chato, incômodo e indesejável.
         Ninguém pode se dizer isento de induções inconscientes. Desde pequenos recebemos cargas maciças de publicidade – televisão, rádio, autidórs, folhetos, jornais, revistas, nos ônibus, trens, barcas, metrôs, nos telefones, em cartazes pela rua, na repetição dos refrões das propagandas. E dali não vêm apenas produtos e desejos de consumos. Embutidos, estão valores sociais e pessoais, objetivos de vida e esperanças, criminosas mentiras detalhadamente preparadas pelas empresas (publicitários, marqueteiros e até psicólogos, sociólogos, pedagogos e advogados) e implantados pela mídia.
         Cabe a nós destruir essas correntes, desacreditando-as dentro de nós mesmos e, a partir daí, contagiar à nossa volta, até onde pudermos alcançar. Nós, os que enxergam as correntes, os que não acompanham o gado e não se deixam enganar tanto, os que nos debatemos contra as pressões e lutamos por uma sociedade menos injusta, menos perversa e menos suicida. E mais humana, mais solidária, mais cuidadosa e sincera com todos os seus membros. Enfim, uma sociedade livre das garras de elites, a serviço de todos."

                                                                                                         Eduardo Marinho


Adoro a maior parte da percepcao que o Eduardo tem da vida. Adoro a forma como ele coloca ordenadamente seus pensamentos.
Mas um detalhe que acredito ele nao ter percebido ainda e': tudo o que fazemos de "errado", nao fazemos de forma consciente. Consciencia e' muito mais que "achar que voce sabe o que ta' fazendo". Consciencia e' Luz! E quando a Luz ilumina qualquer coisa que seja 'mal', isso se dissolve - nao ha' como fazer algo que seja mal a voce (como fumar cigarro por ex) ou a qualquer outra pessoa, se voce tiver todo e completo entendimento e percepcao sobre tal coisa. E' um entendimento profundo, do Ser.
E esse entendimento vai aumentando conforme vamos vivendo e aprendendo.
Os atos de maldade, de qualquer nivel que seja, contem em si algum grau de inconsciencia - portanto nao sao uma escolha consciente. As pessoas que escolhem manipular outras (falando sobre o texto acima agora), acreditam que isso e' uma vantagem mesmo a elas, e nao conseguem enxergar que isso e' uma grande atraso para a propria evolucao, para nao dizer pior.
Em conclusao, temos que ter muito cuidado com o tipo de sentimento que pode ser gerado em nos por constatarmos essas manipulacoes - por exemplo como desprezo. Precisamos lembrar de que so' fazem o que fazem, por inconsciencia.. da mesma forma que nos erramos em outros pontos, tambem por inconsciencia. Mas a vida, a grandissima Vida, na certa ira' ensinar o que eles precisam. Acontecera' com eles e ainda bem, com nos tambem.
:))

Namaste!

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