terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O Amor.


O dialogo a seguir, e' um trecho tirado do livro "Ami - O menino das estrelas", de Enrique Barrios.

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"- Porque estão tão contentes?
Perguntei isso, porque na Terra as pessoas andam muito sérias pelas ruas; aqui, todos pareciam
estar numa festa.
- Porque estão vivos... você acha pouco?
- E eles não têm problemas?
- Eles têm desafios, não problemas. Aqui está tudo bem.
- Meu tio diz que a vida só tem sentido quando existem problemas para solucionar, e que uma pessoa
sem problemas se daria um tiro.
- Seu tio se refere a problemas para seu intelecto. O que acontece, é que ele tem atividade em só um
dos dois cérebros que mencionei; seu tio é simplesmente “atividade intelectual caminhante”. O intelecto é um computador que não pode deixar de funcionar; a menos que a pessoa já tenha desenvolvido o outro cérebro, o emocional.
- Quando o intelecto não encontra nenhum problema para resolver, nenhum quebra-cabeças, pode
chegar a enlouquecer e pensar em dar-se um tiro.
Senti que ele se referia a mim, porque eu também estou sempre pensando sem parar.
- E existe alguma outra coisa, além de pensar?
- Perceber, desfrutar o que se vê, escutar os sons, tocar, respirar conscientemente, cheirar, saborear,
sentir, aproveitar o momento presente... Você é feliz neste momento?
- Não sei...
- Se você deixasse de pensar por um momento, seria muito feliz. Imagine: Você está numa nave
espacial, em um mundo situado a anos luz de distância da Terra, está contemplando um planeta civilizado, habitado pelos antigos atlantes... Em lugar de perguntar bobagens, olhe ao deu redor, aproveite o momento...
Senti que Ami tinha razão, mas ainda tinha uma dúvida e a expressei:
- Então o pensamento não serve?
- Típica conclusão terrícola! – riu Ami- Se não é o melhor, então tem que ser o pior. Se não é branco,
deve ser obrigatoriamente negro. Se não é perfeito, é demoníaco. Se não é Deus, é o diabo... Extremismo mental! – acomodou-se na poltrona-. Claro que o pensamento serve; sem ele você seria um vegetal, mas o pensamento não é a máxima possibilidade humana.
- Qual é então, desfrutar?
- Para desfrutar, você precisa perceber que está desfrutando.
- E perceber não é pensar?
- Não. A percepção é consciência, e consciência é mais que o pensamento.
- Então a consciência é o máximo – concluí-, um pouco cansado já dessa confusão na qual eu tinha
me metido por causa das minhas perguntas.
- Também não – disse Ami, com um sorriso misterioso-. Vou lhe dar um exemplo. Você já percebeu
que escutou uma música estranha há pouco tempo, a primeira que selecionei?
- Sim, mas eu não gostei.
- Você percebeu que escutava uma música , isso foi consciência, mas não a desfrutou.
- Realmente, não.
- Então, para desfrutar não é suficiente a consciência...
- Você tem razão!... O que falta então?
- O principal: a segunda música de fato a desfrutou, não foi?
- Sim, porque eu gostei.
- Gostar é uma forma de amar. Sem amor não existe o desfrutar; sem consciência, também não; o
pensamento ficou em um discreto terceiro lugar como possibilidade humana. O amor ocupa o primeiro lugar... Nós procuramos amar tudo, viver em amor, assim desfrutamos mais. Você não gostou da lua, eu sim. Posso desfrutar mais e sou mais feliz do que você.
- Então o amor é a máxima possibilidade humana?
- Agora sim, Pedrinho, perfeito."




 

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