Trecho do livro “Learning the Human Game” (p. 76-77), de Alan Watts:
“Na música, ninguém faz do final o objetivo. Se
fosse assim, os melhores maestros seriam os que tocassem mais rápido; e
existiriam compositores que só escreveriam finais. Pessoas iriam aos
concertos para ouvirem apenas o último acorde — porque esse seria o
final.
Mesma coisa na dança — você não busca um ponto particular na sala; onde você deveria chegar. O objetivo da dança toda é dançar.
Agora, mas não vemos isso ser traduzida pela nossa educação para nossa
vida diária. Temos um sistema escolar que nos passa uma impressão
completamente diferente. É tudo serializado — e o que
fazemos é colocar uma criança em um corredor com um sistema de séries,
com um tipo de “venha gatinho, aqui aqui aqui…”.
E você vai por jardim de infância, e isso é ótimo, porque quando você
finalizar, você vai pra primeira série. E então, veja, a primeira série
leva pra segunda série, e assim por diante… E então você sai da escola
básica e vai o ensino superior – está acelerando, a coisa está chegando…
Então você vai pra faculdade, e então para a escola de graduação, e
quando você acabou a graduação, você sai pro mundo. E então você
consegue alguma ocupação onde você vende seguro. E você tem uma meta pra bater. E você vai batê-la.
Todo o tempo, aquela coisa está vindo, está vindo, está vindo — aquela grande coisa, o sucesso que você está se dedicando.
Então quando você acorda um dia aos 40 anos de idade, você diz “Meu
Deus! Cheguei! Estou aqui!”. E você não se sente muito diferente do que
sempre sentiu. E há uma pequena tristeza, porque você sente que foi um
trote. E foi um trote. Um trote terrível.
Eles fizeram você perder tudo. Por causa de expectativa.
Olhe para as pessoas que vivem para se aposentar, economizando
dinheiro. E então quando eles tem 65 anos, e não tem mais nenhuma
energia, são mais ou menos impotentes, eles vão e apodrecem em uma
comunidade de cidadãos idosos. Poque nós simplesmente traimos nós
mesmos, durante todo o caminho.
Nós pensamentos que a vida, por analogia, era uma jornada, uma
peregrinação, que teria um sério objetivo no final. E o objetivo era
chegar nesse final. Sucesso, ou o que quer que seja, talvez o paraíso
depois que estivesse morto. Mas perdemos o espírito durante todo o
caminho.
Era uma música, e nós deveríamos ter cantado, ou dançado, enquanto a música estava sendo tocada“.
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