"Nós acreditamos no mundo separado, acreditamos em pessoas separadas,
indivíduos separados. Acreditamos que há um ‘eu’ e um ‘você’.
Acreditamos em um eu separado do mundo, separado de você, separado dos
outros, separado da Vida!
E um indivíduo separado é sempre um buscador. Porque no momento em que
você se vê separado, você tem o desejo de acabar com essa separação. No
momento em que você se vê como uma onda separada no vasto oceano, você
tem o anseio de voltar para o oceano. Para acabar com o sentido de ser
uma entidade separada contraída.
Um indivíduo busca de diferentes maneiras. No mundo material, a busca
por dinheiro, por poder, por saúde. E também a busca no mundo
espiritual, uma busca pelo despertar espiritual, Nirvana, Iluminação.
Mas é tudo a mesma busca, seja busca material ou busca espiritual, é a
mesma busca... E a coisa mais difícil de ouvir, é ver a si mesmo como
uma pessoa espiritual, se você pensa que ser espiritual é de alguma
forma maior ou mais nobre do que uma pessoa que não é espiritual. É a
mesma busca! Seja por milhões em sua conta bancária ou Iluminação
espiritual, é a mesma procura. É a procura por algo no futuro para mim.
Tem sempre haver comigo, tem tudo haver com o eu separado.
Então o indivíduo é sempre um buscador. Mas também existe a
possibilidade de a busca terminar. A busca de uma vida, a exaustão por
buscar algo a mais, algo no futuro, algo para me completar no futuro. A
possibilidade que isso pode chegar ao fim e o que pode chegar ao fim é o
sentido de ser uma pessoa separada, uma onda separada no vasto oceano. E
o que pode ser visto é que nunca houve uma onda separada. A onda sempre
foi 100% água, foi 100% o oceano. Nunca houve um buscador separado. No
momento em que você se vê como um buscador separado, você tem o
sentimento de falta, o sentimento de não estar em casa. Então o que
acaba quando a busca termina é o sentimento de falta. E o que é visto é
que nada está faltando aqui. Que isso já é o suficiente, o que está
acontecendo, o que está acontecendo agora. Essa vida comum já é
suficiente, foi sempre suficiente, é mais do que suficiente. E só quando
paramos de ver ‘isso’, que queremos ‘aquilo’.
A busca está enraizada na rejeição do que É, a busca está enraizada na
rejeição disso, dessa vida comum. Nós queremos escapar desta vida comum e
nos mover para um estado elevado ou um estado último de consciência ou
um nível maior de despertar. Então é sempre um movimento a frente. Isso
implica na possibilidade da busca chegar ao seu fim. Por um lado, é um
tipo de morte, a morte da busca, a morte de uma pessoa separada e que é
consumada no mistério que é a vida em si. A morte do buscador, a morte
da busca, consumado na vida em si.
Em sentido profundo, sempre soubemos disso. Nós sempre fomos como bebês
recém-nascidos, nós sempre soubemos disso, da brincadeira, da
espontaneidade, da inocência, da maravilha da vida como ela é. Nós
sempre vemos o mundo como pela primeira vez. Nós só ficamos confusos por
um tempo, perdidos neste jogo da busca. Então essa é a verdadeira
possibilidade de que tudo isso pode terminar, para revelar o que sempre
esteve lá. Isso não é algo novo, não há nada novo. É revelação do que
sempre esteve lá. Isso está sempre aqui, isso está sempre aqui, apenas
deixamos de notar."
- Jeff Foster -
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