O mais esperto dos homens é aquele que,
pelo menos no meu parecer, espontaneamente, uma vez por mês, no mínimo,
se chama a si mesmo asno…, coisa que hoje em dia constitui uma raridade
inaudita. Outrora dizia-se do burro, pelo menos uma vez por ano, que ele
o era, de facto; mas hoje… nada disso. E a tal ponto tudo hoje está
mudado que, valha-me Deus!, não há maneira certa de distinguirmos o
homem de talento do imbecil. Coisa que, naturalmente, obedece a um
propósito.
Acabo de me lembrar, a propósito, de uma anedota espanhola. Coisa de dois séculos e meio passados dizia-se em Espanha, quando os Franceses construíram o primeiro manicómio: «Fecharam num lugar à parte todos os seus doidos para nos fazerem acreditar que têm juízo». Os Espanhóis têm razão: quando fechamos os outros num manicómio, pretendemos demonstrar que estamos em nosso perfeito juízo. «X endoideceu…; portanto nós temos o nosso juízo no seu lugar». Não; há tempos já que a conclusão não é lícita.
Acabo de me lembrar, a propósito, de uma anedota espanhola. Coisa de dois séculos e meio passados dizia-se em Espanha, quando os Franceses construíram o primeiro manicómio: «Fecharam num lugar à parte todos os seus doidos para nos fazerem acreditar que têm juízo». Os Espanhóis têm razão: quando fechamos os outros num manicómio, pretendemos demonstrar que estamos em nosso perfeito juízo. «X endoideceu…; portanto nós temos o nosso juízo no seu lugar». Não; há tempos já que a conclusão não é lícita.
Fiodor Dostoievski em Diário de um Escritor
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