quinta-feira, 31 de maio de 2012

Porque a Era do Guru está Encerrada



"Já há algumas décadas, parece, a humanidade tem estado no limite de uma ruptura na consciência coletiva. Talvez tenham sido os Hippies nos Anos 60 que tenha visto isso pela primeira vez. Para eles, era claro que a revolução da consciência iria varrer tudo que tinha existido antes, que dentro de alguns anos tais instituições como governo, dinheiro, casamento e escola iriam se tornar obsoletas. Quarenta anos depois, a visão deles não aconteceu e, ao menos superficialmente, as instituições que definem nossa civilização estão mais poderosas, mais abrangentes que nunca. Apesar disso, para muitos de nós por algum tempo, e para a maioria de nós ao menos de vez em quando, aquela ruptura na consciência que os Hippies previram parece ainda ser iminente.
Talvez pareça iminente porque, naquelas experiências de pico quando conhecemos nosso verdadeiro potencial como humanidade, a verdadeira vestidão das nossas mentes, e amor que era o estado natural de existência, parecia tão óbvio que tínhamos retornado ao nosso direito de nascença e reconquistado nosso estado original. Poderia ser uma experiência de quase-morte que nos traz aqui, uma experiência psicodélica, um momento na natureza, dar à luz, fazer amor; poderia ser uma experiência religiosa, ou poderia ter vindo através de um sonho, uma música, ou da meditação; pode vir também através de trabalho psicológico, um seminário transformador, ou mesmo um livro. Geralmente, porém, o pico não dura.
Tive muitas dessas experiências onde eu pensei, “Nada nunca será o mesmo novamente”, mas depois de alguns dias ou semanas, eu notava que estava me debatendo para manter o estado realizado em que eu tinha estado. O que era antes natural e sem esforço e auto-evidente se tornava alvo de lembretes e práticas. O “antigo normal” se aproximava, até que eu estivesse de volta onde tinha começado, e o estado que eu havia sentido tão verdadeiramente e claramente se tornava uma reles memória. Posso tentar repetir a experiência, mas como uma droga, o segundo pico é um pouco menos intenso que o primeiro, e o retorno ao chão mais rápido. Eventualmente duvidei: talvez a experiência era uma droga, uma excursão além da realidade, e não, como eu tinha acreditado, algo mais real do que o mundo que eu tinha vindo a aceitar. Para algunas pessoas, aquela voz cresce de volume até que se torna um tumulto derrotador de desesperado. Antes da experiência, pelo menos havia esperança, mas tendo entrado no paraíso e sido ejetado, o que havia agora para viver?
Então foi assim em um nível cultural, que depois das expectativas iluminadas e exuberantes dos Anos 60, muito da contracultura virou hedonismo e consumo da Década do Eu. Que sentimento de traição sentimos, conforme a revolução psicodélica deu lugar à Geurra às Drogas, conforme o Ato do Ar Limpo deu lugar à Ronald Reagan e James Watt (“As árvores poluem mais do que as pessoas”.)
Felizmente, seja num nível pessoa ou coletivo, o desespero nunca pode estar completo, porque a brasa da experiência do acordar vive eternamente em nossos corações. Por mais profundo que o desespero a que possamos descer, carregamos o conheço em primeira mão escrito em nossas células que há mais do que Apenas Isto. Mesmo que não saibamos retornar aquele mundo mais bonito, sabemos que ele existe. Esse conhecimento vive independentemente de crenças, por baixo das correntes da razão e dúvida e impenetráveis. Não podemos cultivar ou praticar aquele conhecimento, mas ele cultiva e nos pratica. A primeira coisa que ele faz é nos prevenir de participar de todo coração no velho normal. Podemos fazer o melhor para participar do programa, podemos ir com o fluxo, mas lá no fundo sabemos que não é a coisa real. O esforço para direcionar a energia da vida a objetivos indignos do nosso conhecimento é exaustivo. Eventualmente, nossas reservas de saúde e sorte se esgotam, nós entramos em um estado de crise. Quer seja a saúde, o relacionamento, o dinheiro, ou relacionado ao trabalho, a crise é um nascimento a partir do velho normal. Não podemos voltar atrás, mas também não sabemos como ir em frente. Este é um estado especial, um limiar entre mundos. Muitos de nós estão lá neste momento, individualmente; o corpo humano coletivo está se aproximando dele também.
O propósito deste ensaio é descrever o paradigma do cuidado mútuo que pode nos transportar através deste limiar entre dois mundos.
Nós vislumbramos um mundo mais bonito nos Anos 60, mas o normal antigo ainda não estava acabado. A estória ainda não tinha sido contada em sua totalidade. Assim, não podíamos acender à nova realidade; a tração do antigo era forte demais. Na verdade, haviam muitas exceções individuais; até hoje existem hippies não-regenerados vivendo nos interstícios da nossa realidade, tão invisíveis a nos quando os imortais lendários Taoístas, segurando o padrão do próximo mundo até que seu tempo esteja pronto pra ele. Mas para a maioria, depois dos Anos 60 as pessoas retornaram ao mundo que haviam deixado pra trás, e o seguiram até novos extremos.
Quarenta anos depois, aquele mundo ainda está se caindo aos pedaços em uma taxa acelerada. As estórias que suportavam nossa civilização estão desmoronando. Duas são principais: a estória do ser individual, e a estória da pessoas. A primeira é a do ser distinto e separado, um mote Cartesiano da consciência olhando um universo objetivo de massas sem almas e forças impessoais e deterministas. Na biologia, o ser separado se manifesta conforme o paradigma do gene egoísta busca maximizar seu interesse reprodutivo; na economia, é o homo economicus, que busca maximizar o interesse racional medido pelo dinheiro. Na psicologia, é o ego encapsulado na pele; na religião, a alma presa na carne mas separada dela. Esse ser está naturalmente em oposição a todos os outros seres, cujos interesses são indiferentes dele ou estão em desacordo com os seus. Os ensinamentos espirituais baseados nessa história do ser, então, nos dizem que devemos tentar mais duramente nos levantar sobre a natureza, a conquistar nossas motivações biológicas e econômicas para maximizar nosso interesse pessoa acima dos outros seres.
Externalizada, essa guerra contra o ser se manifesta como a segunda estória que define a civilização, a estória das pessoas que chamo de “ascenção”, que diz que o destino da humanidade é se superar e transcender a natureza. Ela complementa perfeitamente a estória do ser, elevando o mental sobre o físico, o ideal sobre o concreto, o espírito sobre o corpo.
Ao descrever esses mitos, uso a palavra “estória” em um sentido especial, como uma narrativa inconsciente que cria sentido pro mundo, que associa papéis e funções aos seres humanos, que explica a natureza da vida, do mundo, e de propósito para a existência humana, e que coordena a atividade humana. As estórias tem um começo, um meio e um fim. Estamos nos aproximando do fim da nossa, das estórias que nossa civilização foi construída. Se algumas dessas estórias não são verdadeiras pra você, você já não se sente mais como um participante integral dessa civilização.
Elas estão se tornando não-verdadeiras para mais e mais de nós, conforme o mundo que foi construído sobre elas vai decaindo. Como podemos acreditar na conquista da natureza quando nossas ações são a causa da ameaça ao fundamento ecológico da civilização? Como podemos continuar acreditando que o triunfo final sobre as doenças está na próxima esquina, ou que uma era de prazer, ou de férias espaciais, ou de uma sociedade perfeitamente justa, se nós estendemos a dimensão do controle só um pouco além? E como podemos continuar acreditando no paraíso de um ser separado, independente de tudo, pertencente a ninguém, financeiramente seguro, quando estamos vendo em primeira mão a alienação, o desespero, a miséria para a comunidade que faz daquele paraíso um inferno? Quando a depressão, o vício, o suicídio e a decadência da família atingem até mesmo os vencedores da guerra de todos contra todos?
Seja num nível pessoal ou coletivo, estamos descobrindo que as histórias de separação não são verdadeiras. O que fazemos ao outro inescapavelmente nos visita de volta de alguma maneira. Conforme isso vai se tornando cada vez mais óbvio, uma nova história do eu e das pessoas se torna acessível para nós.
A nova história das pessoas é uma de parceria co-criativa com a “Terra Amada”. Essas histórias soam verdadeiras em nossos corações, vemo-las no horizonte, mas ainda não vivemos nessas histórias. É difícil fazer isso quando as instituições e hábitos do velho mundo ainda nos cercam.
Como podemos nos estabelecer completamente em uma maneira radicamente diferente de pensar, se relacionar e ser? Não se engane: essa revolução vai muito além da aceitação de uma idéia. Saber e incorporar como uma realidade de interexistência na experiência, vívida e ativa, para viver em um espírito de presente como é apropriado em todo relacionamento, para confiar completamente na própria divindade e na dos outros, para saber em cada fibra do seu ser que “Eu Sou Você”, e para navegar nesse conhecimento com limites apropriados, isso tudo constitui uma revolução fundamental no ser humano. Além disso, embora tenhamos entrado em um novo território, nos faltam modelos e mapas para viver nele. Precisamos de ajuda, precisamos de ensinamos sagrados. Mas quem serão nossos professores, quando tudo é novo?
Na verdade, nós herdamos ensinamentos e modelos para o novo mundo, de visionários que viram através das histórias de separação séculos atrás, e de tribos que evitaram a civilização por tempo suficiente para transmitirem seu conhecimento a nós. Muito desse conhecimento tem sido distorcido pelas lentes da separação, mas conforme as novas histórias passam a ganhar foco, podemos discernir sua intenção original. por exemplo, a formulação comum da Regra de Ouro, “Faça aos outros o que gostaria que fizessem a você”, é uma injunção moral que ouvimos de uma outra versão deste ditado, nascido da separação de espírito e matéria: “Tente ser gentil com mais determinação”. É um padrão de comportamento, algo que devemos sobrepor ao nosso egoísmo natural para conquistar. Da perspectiva de um ser conectado, entretanto, a Regra de Ouro muda de forma para se tornar não uma regra mas um lembrete: “Conforme você faz aos outros, assim também você faz a você mesmo”. A intenção do seu articulador original é recomposta.
De maneira semelhante, o Voto do Bodisatva, “Não entrarei no Nirvana até que todos os seres sencientes tiverem entrado no Nirvana”, nos soa como o auto-sacrifício mais definitivo, um voto heróico e magnânimo além do alcance das pessoas ordinárias. Para o ser conectado de “Eu sou Você”, entretanto, é uma mera articulação distorcida de um fato simples que poderíamos chamar de Realização Bodisatva: “É impossível entrar no Nirvana sozinho. Se qualquer ser senciente for deixado pra trás, então parte de mim é deixada pra trás”. Só alguém sob a ilusão que é uma alma separada e distinta imaginaria algo diferente.
Sendo prático, para viver num estado mais iluminado nós devemos estar lá por um comunhão de novos hábitos, novas maneiras de vermos uns aos outros, e novas crenças na prática que redefina o normal.
Em outras palavras, na era do ser conectado, nosso guru não pode ser nenhum além do coletivo, da comunidade – como Thich Nhat Hanh diz, “O próximo Buda será uma sangha”. Por comunidade, não digo uma massa amofra “somos todos um”, sem estrutura, e sim uma matriz de seres humanos unidos em uma história comum de pessoas e de ser. Alinhadas com essas histórias definidas, esta comunidade pode nos dar suporte em uma visão do que estamos nos tornando" 

- Charles Eisenstein -

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Adyashanti - Unidade Global

Gentilmente, a vida tem me mandado esse video de tempos em tempos, onde sempre, minha profundidade de compreensao sobre a vida e mim mesma, aumenta um pouco mais.
Aqui compartilho essa riqueza com voces :)

Enjoy!
Beijoes!


segunda-feira, 28 de maio de 2012

O medo da solidão

"Ninguém quer ficar sozinho. Todo mundo quer pertencer à multidão – não apenas à multidão, mas a muitas multidões.

A pessoa pertence a um grupo religioso, a um partido político, ao rotary club... e existem muitos outros grupinhos a que pertencer.

A pessoa quer apoio vinte e quatro horas por dia, porque o falso não se sustenta sem apoio. No momento em que a pessoa fica sozinha, ela começa a sentir uma estranha loucura.

Não se trata apenas do seu medo, trata-se do medo de todo mundo.

Porque ninguém é o que deveria ser na vida. A sociedade, a cultura, a religião, a educação conspiram todos contra as crianças inocentes. Todos eles têm poderes – a criança é indefesa e dependente.

Então eles fazem dela o que querem. Eles não deixam que nenhuma criança siga o curso natural da sua vida. Eles fazem tudo para que os seres humanos tenham uma utilidade.

Quem garante que, se deixarem uma criança crescer por si mesma, ela vai servir aos interesses deles? A sociedade não está preparada para assumir esse risco. Ela se apodera da criança e começa a moldá-la, fazendo com que ela se transforme em algo de que a sociedade necessite.

Num certo sentido, ela mata a alma da criança e dá a ela uma falsa identidade, de modo que ela nunca encontre a sua alma, o seu ser.

A falsa identidade é um substituto. Mas esse substituto só é útil enquanto você está no meio da multidão que lhe deu essa falsa identidade.

No momento em que você está sozinho, o falso começa a se despedaçar e o verdadeiro reprimido começa a se expressar. Por isso o medo de ficar sozinho.

Você acredita que é alguém, e de repente, num momento de solidão, você começa a perceber que não é o que pensava. Isso dá medo; então quem é você? Vai levar algum tempo até o verdadeiro se expressar.

O intervalo entre os dois é chamado pelos místicos de "noite escura da alma" – uma expressão bem apropriada. Você não é mais o falso e ainda não é o verdadeiro. Você está no limbo, não sabe quem você é.

No Ocidente, principalmente, o problema é até mais complicado. Porque não desenvolveram nenhuma metodologia para descobrir o verdadeiro o mais rápido possível e abreviar essa noite escura da alma.

O Ocidente não sabe nada a respeito da meditação, e a meditação é só um nome para "ficar sozinho, em silêncio, esperando que o verdadeiro se firme".

Ela não é uma ação; é um relaxamento silencioso – porque qualquer coisa que você faça virá da sua personalidade falsa – anos de uma personalidade falsa imposta pelas pessoas que você amou, que você respeitou – e elas não tinham intenção de lhe fazer nenhum mal.

As intenções delas eram boas, elas só não tinham consciência. Não eram pessoas conscientes – os seus pais, os seus professores, os seus sacerdotes, os seus políticos – eles não eram pessoas conscientes, pelo contrário.

E até uma boa intenção nas mãos de pessoas inconscientes vira um veneno.

Portanto, sempre que você está sozinho, surge um medo profundo – porque de repente o falso começa a desaparecer, e o verdadeiro vai demorar um tempo. Faz anos que você o perdeu.  Você terá de levar em conta que essa lacuna tem de ser transposta.

A multidão é essencial para que o eu falso exista. No momento em que está sozinho, você começa a entrar em pane. É então que você precisa entender um pouquinho de meditação.

Não se preocupe, aquilo que pode desaparecer é bom que desapareça. Não há razão para se agarrar a isso – isso não é seu, não é você.

Ninguém mais pode responder à pergunta, "Quem sou eu?" – você saberá.

Todas as técnicas de meditação ajudam a acabar com o falso. Elas não dão a você o verdadeiro – ninguém pode dar isso a você. Nada que possam lhe dar pode ser verdadeiro. O verdadeiro você já tem; basta jogar fora o falso.

A meditação é só a coragem de ficar em silêncio e sozinho. Bem devagarzinho, você começa a sentir uma nova qualidade em si mesmo, uma nova vivacidade, uma nova beleza, uma nova inteligência – que não é emprestada de ninguém; ela brota dentro de você. Ela tem raízes na sua existência.

E, se você não for covarde, isso fruirá, florescerá."

- Osho -

sábado, 26 de maio de 2012

By Mafalda


Refletindo...

"Voce tem um desejo insaciavel de ter alguma coisa. No momento em que voce recebe, voce tem uma sensacao de que sua agitacao e inquietude dissiparam, se acabaram.. e voce desfruta a liberdade dessa agitacao; voce interpreta como um prazer dado por tal objeto; mas o prazer vem de voce, o apego vem de voce, a paz vem de voce.. tudo vem de voce.

Nos podemos fazer isso com as mais variadas coisas no mundo.. imaginando que um certo estado, objeto, relacionamento, situacao, irao nos preencher... mas pouco tempo depois, o apetite ja' se foi.. e sempre existirao apetites novos.. a barriga da mente nunca esta' cheia, portanto nao ha' como se sentir realmente satisfeito atraves disso..."

- Mooji -


Por isso, para encontrar a real paz, alegria, liberdade, existe a necessidade de olhar para dentro, e nao para as projecoes que a mente faz, que sao sempre para fora.

Bom dia :)

domingo, 20 de maio de 2012

Por favor!

Na ultima postagem contem um video, mas ele nao chegou pra quem recebe por email... nao sei o que acontece, mas por favor, abram o blog pra ver! Vale a pena demais! :)
Obrigada!

Um presente da Vida


Essa sao as verdadeiras obras de arte da vida. Chega a ser ironico como o homem nao consegue enxergar isso e fica valorizando loucamente os quadros e cia feitos pelo homem.
Nao estou dizendo que as coisas feitas pelo homem nao devem ser valorizadas, mas sim que antes disso, precisamos estar atentos, presentes, conscientes o suficiente para perceber a obra prima que e' a natureza - todo o tempo.
Experimente, com os mesmos olhos que voce olharia uma obra do Picasso ou algo que voce admire muito, olhar para a natureza. Nesse olhar descobrimos a vida, descobrimos um pouquinho de onde vem essa energia que nos mantem vivos diariamente.

Espero que curtam o video intensamente =))
Beijos! Bom domingo amigos!

Vida antes da morte!



sábado, 19 de maio de 2012

Verdadeira liberdade

Toda a vida existe como um instrumento de sua propria criacao, e todos seus eventos se apresentam meramente como oportunidades para voce decidir Quem Voce E'.



Nao estamos a merce da sorte ou de qualquer tipo de julgamento. Nos somos completamente responsaveis por tudo que vivemos, por tudo que escolhemos, por tudo que criamos.
A Terra somente esta' como esta' por conta do (in)consciente coletivo, onde cada um de nos vem vivendo de forma inconsciente; e essa inconsciencia se manifesta atraves do medo e seus derivados.
Olhe para cada situacao da vida como uma grandissima oportunidade de escolher para onde vai seu foco, para onde vai sua atencao, para onde vao seus pensamentos, para onde vao seus sentimentos, para onde vao suas atitudes. Nesse processo voce cria Quem Voce e' e consequentemente, cria Sua Vida e o Mundo em que vivemos.
Livre-se do conceito de Deus. Me refiro aquele Deus que tem qualquer tipo de expectativa sobre suas acoes. Me refiro aquele Deus que te mantem prisioneiro dos 10 mandamentos. Me refiro aquele Deus que diz "voces tem livre-arbitrio... mas portanto que..." - afinal, que tipo de livre-arbitrio e' esse? -. Me refiro aquele Deus que paralelamente incita a criacao na mente humana sobre um suposto Diabo. Me refiro aquele Deus que brinca de fantoche de alguma forma - e olhe que existem formas muitos sutis que se quer percebamos - com voce. Me refiro aquele Deus que e' chantagista, que e' manipulador e excludente.
Por Deus! Deus nao existe! Esse Deus nao existe.
A vida fica tao mais simples depois que voce mata esse Deus. Fica tao mais simples poder tomar todas as redeas de sua vida em suas proprias maos; tao mais simples quando por fim, entendemos que, absolutamente tudo que nos acontece - da menor a maior coisa - sao criacoes de nossos proprios modos de vida, de nossas proprias escolhas.
Porque essa e' a unica e verdadeira liberdade que pode existir. De novo: que tipo de liberdade pode existir, se ha' um Deus como esse? Que tipo de liberdade pode existir se existe tal coisa como sorte? Que tipo de liberdade pode existir se dependemos de coisas externas, para que possamos ser felizes? So' podem ser - liberdade e felicidade - muitos condicionais.
Nao sei quanto a voce, mas para mim, a vida somente faz sentido se for completa, se for plena, se for infinita, se for um extase! A vida somente faz sentido se for para ser vivida em liberdade plena! Acredito que esse e' o pico culminante da vida - a liberdade absoluta.

E a unica forma de se atingir isso e' atraves do amor. Atraves de perceber toda a ilusao que e' o sentimento de medo e seus derivados. E' perceber que voce nao precisa dar amor, mas sim, voce quer dar dar amor porque entende o mecanismo fundamental da vida: dando e' que se recebe. Nao ha' qualquer falha nisso. E' uma lei natural do universo assim como e' a lei da gravidade.
Desde pequenos somos ensinados pela sociedade e pelas instituicoes em geral - inclusive a familiar, pois sao vitimas dessa disfuncao tambem - a viver atraves do medo. E e' por isso que o ser humano vem sendo cada vez mais destrutivo e e' por isso que vivemos na loucura que vivemos. Mas isso e' a maior forma de manipulacao que pode existir; um exemplo claro e' o que as igrejas fazem. Primeiro elas nos ensinam que nascemos do pecado e portanto somos pecadores; entao na sequencia, nada mais obvio do que dizem "mas nos temos a solucao para isso! Tudo o que devem fazer e' se comportar assim, assim e assado". Mas por favor, entendam, iria esse tal Deus, todo poderoso, criar nossa auto reproducao atraves de algo que ele mesmo considerasse pecaminoso? Para que entao, depois disso despendessemos toda nossa vida tentando se aceito por esse mesmo Deus que nos 'assassinou' no momento exato em que nascemos? Por Deus! Esse Deus nao existe!
Comece por mata-lo em primeiro lugar, aqui e agora.
Sabem, a verdadeira ideia sobre o dito "fomos criados a imagem e semelhanca de Deus", absolutamente nada tem a ver com forma fisica. Esse e' um conceito muito primitivo. O que isso realmente quer dizer e' que a forca criativa que nos criou, nos deu exatamente os mesmos poderes que Esta tem. Pra inicio de conversa, um completo livre-arbitrio. E completo livre-arbitrio apenas pode quer dizer que criamos 100% de nossas vidas, de Quem Nos Somos, atraves de nossas proprias escolhas SEM que haja QUALQUER interferencia nesse processo.
Por isso afirmo que a vida e' sobre criacao e nao sobre descoberta. Criar Quem Voce E' - hoje e sempre. E e' a partir dai que comeca o real entendimento, o real divertimento e... a real vida.
A partir dai, que voce comeca a entender que se voce e' completamente responsavel por tudo que faz e que nao ha' qualquer tipo de julgamento em cima disso, entao tudo que voce pode e querera' escolher para si mesmo, e' o amor - e todos seus derivados. E quando comeca a escolher isso, voce comeca a receber isso de volta; sem qualquer margem de erro.
Mas veja bem, aqui vao 2 coisas muito importantes e que realmente precisam ser claras: a primeira e' que existe um sentimento que poderemos chamar de Sentimento Patrocinador. Ele e' o que esta' realmente dirigindo sua intencao primaria. Isso quer dizer que, se voce pensa, deseja algo como 'ter sucesso profissional' digamos, e sempre que pensa nisso, sempre que pensa em voce se realizando profissionalmente, vem por tras desse pensamento, um sentimento de medo, de angustia... entao voce nao esta' reamente conectado no amor. Entenda, no puro amor, nao existe medo. Mas o medo e' necessario ate' que voce perceba, entenda que isso nao e' o que voce E', o que Voce Quer Criar sobre voce e sua vida. O "aparente oposto" apenas e' necessario para se entender o conceito original. Portanto, isso quer dizer que ha' de haver uma credibilidade inesgotavel em voce e na vida juntos. Nao ha' espaco para qualquer sombra de duvida. E' agir como diz essa questao: "O que voce faria, como voce agiria, se tivesse completa certeza de que nao pode falhar?". E entao va' em frente, aja!
E o segundo ponto essencial e': Ha' de haver completa clareza sobre suas escolhas. Se voce nao se define, o universo e a vida tambem nao tem como se definir para voce. Se voce ficar emitindo sentimentos como "ahh, seria tao bom ter alguem especial na minha vida, alguem que me ama... alguem que se importe...blablabla", bem, isso e' muito amplo e ambiguo. Mas se voce diz por exemplo "quero alguem que me respeite, que seja honesto, um relacionamento onde ambos sejam livres para seguir sua proprias criatividade, e que cada um seja completamente responsavel por sua propria vida para que nao haja espaco onde um culpa o outro por determinadas coisas que acontecerem".... percebem a diferenca? Voce esta' sendo claro, objetivo.

Bom, eu chamo isso tudo de espiritualidade, pois pra mim, espiritualidade e' nada mais, nada menos do que estar com completa conexao com a vida. Eu nao uso mais a palavra Deus em meu vocabulario. Porque para mim, Deus e' a conexao com a vida; e' o reconhecimento de que ha' uma Fonte criadora de todas as coisas, a qual que me fornece diariamente a energia que me mantem viva e que tudo que eu tenho que fazer para viver em harmonia, em abundancia e em extase e' me conectar mais a cada dia com ela - ou seja, fluir com a vida; ou seja, viver Aqui e Agora.

Isso e' amor. Isso e' liberdade.
:)

Namaste!



quinta-feira, 17 de maio de 2012

Leveza na vida

A vida pode ser mais leve. Mais lúdica. Se eu não brincasse, enlouqueceria. Não posso e nem sei ser essa imagem que tanta gente congelou a respeito do que é ser adulto. Passo longe desse freezer. Quero o calor da vida. Quero o sonho e a realidade melhor que ele puder gerar. Quero alguma inocência que não seja maculada. Quero descobrir coisas que não suspeito existirem e, que para minha surpresa, têm significado para o meu coração. Adulta, quero caminhar de mãos dadas, vida afora, com a criança que me habita: curiosa, arteira, espontânea.
  
Ana Jácomo

domingo, 13 de maio de 2012

Por Millor


Os verdadeiros burros e os falsos loucos

O mais esperto dos homens é aquele que, pelo menos no meu parecer, espontaneamente, uma vez por mês, no mínimo, se chama a si mesmo asno…, coisa que hoje em dia constitui uma raridade inaudita. Outrora dizia-se do burro, pelo menos uma vez por ano, que ele o era, de facto; mas hoje… nada disso. E a tal ponto tudo hoje está mudado que, valha-me Deus!, não há maneira certa de distinguirmos o homem de talento do imbecil. Coisa que, naturalmente, obedece a um propósito.
Acabo de me lembrar, a propósito, de uma anedota espanhola. Coisa de dois séculos e meio passados dizia-se em Espanha, quando os Franceses construíram o primeiro manicómio: «Fecharam num lugar à parte todos os seus doidos para nos fazerem acreditar que têm juízo». Os Espanhóis têm razão: quando fechamos os outros num manicómio, pretendemos demonstrar que estamos em nosso perfeito juízo. «X endoideceu…; portanto nós temos o nosso juízo no seu lugar». Não; há tempos já que a conclusão não é lícita.

Fiodor Dostoievski em Diário de um Escritor

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Não só você está procurando Deus, Deus também está procurando você. Não que sem Deus você é triste; Deus sem você também é triste.

E quando você se encontra com Deus, e Deus se encontra com você, o êxtase não será somente seu; será o êxtase dele também. Toda a existência será extática. Sempre que um único ser humano se torna um Cristo ou um Buda, toda a existência dança, toda a existência se deleita — enlouquece em êxtase!

O encontro é a fusão das divisões. Se você pensa em si mesmo como um homem, cria uma divisão. E se você não abandonar essa divisão, essa categoria que criou à sua volta, de que "sou um homem", não dei-xará que Deus entre em você.

É preciso que você esteja completamente livre das fronteiras, de todas elas — a fronteira do hindu, do cristão, do homem, da riqueza, da pobreza, da educação, da falta de educação, do branco, do preto, do brâmane e do sudra —, todas as fronteiras têm de ser abandonadas.






Nesse abandono, o eterno entra no seu inundo temporal. Na sua noite escura da alma, surge aquela luz, a luz que o inunda. E de repente você não é mais o mesmo.

Deixe-me repetir: Deus também não é mais o mesmo! Deus nunca foi tão rico como quando se tornou Cristo. Ele nunca foi tão rico como quando se tornou Buda. Ele ainda não é tão rico como quando você se encontrar com ele, pois você jorrará sobre ele.

Sei que você tem uma energia pequena, mas um oceano é criado por pequenas gotas caindo, caindo, caindo... Pequenos rios deságuam no oceano e criam o oceano. Nenhum rio sozinho pode criar o oceano, mas cada rio colabora para criá-lo, ajuda a criá-lo.

Deus é maior a cada dia, porque um pouco de água, um pouco do rio, flui até ele, trazendo-lhe uma nova vida e uma nova emoção.  Deus está evoluindo, pois não é uma coisa estática. Deus evolui a cada momento.

O encontro é a dissolução das fronteiras, a atenuação das divisões, uma sobreposição, um transbordamento. É o que se chama de confiança, fé ou entrega. No zero absoluto, na entrega absoluta, a vida retorna, e nós retornamos a Deus ou ao Tao ou a dhamma, a totalidade que flui livremente.

Deus é a totalidade que flui livremente, Deus não é uma pessoa. Nós só retornamos ao ser puro quando nos tornamos essa totalidade também. Nesse estado, tudo está bem, tudo está certo.

Uma lata enferrujada poderá nos encher de extremo deslumbramento quando a luz do sol bater sobre ela...

Na ioga, esse estado é chamado de nadam, um certo estado de harmonia, de concordância. Quando o homem desaparece em Deus e o conflito do homem com Deus desaparece, ocorre nadam, harmonia — o que Heráclito chama de "harmonia oculta".

Nadam é homeostase — harmonia, ritmo. Se você estiver fora de ritmo, fora de sintonia com Deus, será infeliz. Jesus está em sintonia com Deus, essa é a alegria dele. Se ele também estivesse infeliz, triste, que diferença haveria entre você e ele?

A diferença é que ele sente compaixão por você, mas vive em total alegria. Na verdade, como vive em total alegria, ele sente pena de você, sente compaixão por você. Quer que você compartilhe da total alegria dele, e ele sabe que a alegria será sua, se você pedir.

Por isso, ele diz: "Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á".



Osho, em "A Flauta Nos Lábios de Deus: O Significado Oculto dos Evangelhos"